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segunda-feira, 30 de abril de 2012

"Koan" - Parte II

Para explicar melhor o que seja um Koan colacarei aqui citações sobre o livro de Eugen Herrigel:

"Uma folha de bambu no inverno acumula a neve sobre si até que um determinado momento, a folha se dobra e a neve cai. Não é a folha que derruba a neve, ela deixa cair." A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen - Herrigel, Eugen.

"Herrigel passou mais de cinco anos com um célebre mestre japonês para aprender sua arte "mística", e nos dá em seu livro um relato pessoal da forma como fez a experiência do Zen através do manejo do arco e da flecha. Ele descreve como a arte de manejar o arco e a flecha foi-lhe apresentada como um ritual religioso "dançando" em movimentos espontâneos e realizados sem esforço e sem propósito. Henrrigel precisou de muitos anos de prática exaustiva, que acabaram por transformar todo o seu ser, para que pudesse aprender como vergar o arco "espiritualmente", fazendo uma espécie de força sem esforço, e como soltar a corda "sem intenção", deixando o disparo "cair das mãos do arqueiro como uma fruta madura". Quando alcançou o apogeu da perfeição, o arco, a flecha, o alvo e o arqueiro fundiram-se num só e Herrigel não disparou, mas "disparam" para ele". 
Quando usamos a lógica e a razão para explicarmos algum fenômeno estaremos fazendo uma análise através dos olhos do nosso conhecimento, ou seja, sob o ponto de vista da nossa razão e daquilo que achamos ser correto; e tudo que achamos ser correto chegou até nós sob a mira influenciadora da opinião alheia. Portanto, nossa razão é cheia de viéses.

Situações paradoxais nos levam a fazer escolhas, emitir opiniões, fazermos juizo de determinado conflito e de formarmos conceitos ou, pré-conceitos, sobre determinado assunto. Mas essas situações nos trazem também grandes oportunidades de evoluirmos, pois abrimos nossas mentes a novas situações e ideias.

"A tradição Zen, em particular, desenvolveu um sistema de instruções não-verbais, que utiliza enigmas, à primeira vista sem sentido, chamados "Koans", que não podem ser resolvidos pelo raciocínio. Eles visam precisamente interromper o processo de pensamento, preparando assim o estudante para uma experiência não-verbal da realidade." (Fritjof Kapra). Para resolver um Koan o discípulo precisa ir além do raciocínio lógico e dedutivo, pois só assim ele alcançará a iluminação necessária para sua solução.

Um Koan pode ser identificado com presteza por um mestre, mas pode levar muito tempo para que um discípulo venha despertar sua consciência para sua essência. O discípulo vai trabalhando sua consciência para aquela questão, até que chega o momento em que um "insight" lhe torna tudo muito claro. Quando isso acontece, torna-se tão revelador que até a própria questão deixa de fazer sentido.

É como na história de Herrigel, logo acima: - "Quando alcançou o apogeu da perfeição, o arco, a flecha, o alvo e o arqueiro fundiram-se num só e Herrigel não disparou, mas "disparam" para ele".

Muitos dos paradoxos da ciência que vemos hoje trazem embutidos em suas entranhas a própria solução, mas é preciso que adquiramos antes uma nova capacidade perceptiva para seu entendimento, um novo olhar, sob um outro ângulo.

Um belo exemplo de um Koan é o que segue abaixo:

"Uma xícara de Chá
Nan-In, um mestre japonês durante a era Meiji (1868-1912), recebeu um professor de universidade, que veio lhe inquirir sobre Zen. Este iniciou um longo discurso intelectual sobre suas dúvidas.
Nan-In, enquanto isso, servia o chá. Ele encheu completamente a xícara de seu visitante, e continuou a enchê-la, derramando chá pela borda.
O professor, vendo o excesso se derramando, não pode mais se conter e disse:
"Está muito cheio! Não cabe mais chá!"
"Como esta xícara," Nan-in disse, "você está cheio de suas próprias opiniões e especulações. Como eu posso lhe demonstrar o Zen sem que você primeiro esvazie sua xícara?" 
Hoje, como já escrevi aqui outras vezes, a ciência encontra-se entre dois paradigmas sobre o que é a vida, e a física quântica, que faz parte da ciência onde estamos inseridos, nos remete novamente aos primóridos do que se achava que era a vida em tempos mais antigos. Os conceitos de tudo isso não são difíceis de se entender mas eles nos escapam à compreensão num primeiro momento.

Talvez, para entendermos melhor sobre este Koan do que seja a vida devêssemos primeiro esvaziar bem a nossa xícara...

George Kieling

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