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terça-feira, 1 de maio de 2012

O Reduto dos Médicos.

Hospital, um ente tão conhecido em nossos dias, nem sempre foi o que hoje é.

Até o início do século XVIII não existia a figura do hospital, mas existia um espaço para que pessoas sem recursos financeiros, ou com doenças terminais ou mentais, ou com doenças graves contagiosas - como era o caso da hanseníase (lepra) - pudessem passar o final de seus dias. Este espaço era para reclusão e confinamento dessas pessoas, retirando assim da sociedade esse perigo iminente do convívio com aquelas saudáveis.
Este espaço era administrado por religiosos, que não seguiam necessariamente um padrão de construção adaptado para pessoas doentes, tais como uma boa circulação de material contaminado, de ar, de alimentos e outros critérios mais.
Transcrevo aqui, muito resumidamente, este processo de nascimento do hospital, deixando muitas lacunas em branco; mas, com uma pesquisa apurada na literatura, veremos que grande crédito pelo surgimento do hospital se deu graças à disciplina imposta dentro das forças armadas (Metafísica do Poder. Foucault, Michel. Rio de Janeiro: Graal, 1986 (6ª ed)). 
Os exércitos não eram organizados, eram compostos de pessoas despreparadas, marchavam em grupos mal distribuídos contra seus inimigos. Esta situação foi mudando grradativamente e com o advento do fuzil no exército, o soltado tornou-se um elemento muito caro para o governo: necessário tornou-se proteger este "investimento". Aos poucos foi-se criando dentro do exército o conceito de "disciplina e hierarquia" pois esta parecia ser uma maneira muito eficiente de manter tudo sob estrita vigilância, desde o mais alto posto até a mais baixa graduação, onde então nasceu a figura intermediária do sub-oficial, que fazia um registro constante e diário de tudo que se passava, bem como planejava intruções para a tropa. Este sistema de registro e instruções foram migrando aos poucos para dentro dos hospitais, o que foi cada vez mais sistematizando a rotina de tratamento e instrução à pessoa doente. O sub-oficial das forças armadas seria o equivalente ao médico nos hospitais.
Paralelo a isso, o médico, que num primeiro momento era um "contratado" para fazer uma visita aleatória a esses lugares de reclusão, foi gradativamente assumindo uma permanência cada vez maior lá dentro: visitas rotineiras, depois permanência diária, depois permanência constante. O "ato médico" dentro do hospital tornou-se cada vez mais cerimonioso, pois o médico assumiu uma posição de responsável pela equipe andando com sua "trupe" nas visitas aos leitos, com seu caderno de anotações em mãos, sendo recebido por uma enfermeira na porta do leito, com uma "sineta" para anunciá-lo. Instituiu-se a assim a figura de um deus, dentro do sistema de saúde.

Passado alguns anos o médico ainda continua reinando em seu reduto, o hospital; agora, este tornou-se não mais um lugar de reclusão, mas sim um lugar de cura. Avanços científicos e tecnológicos tornaram o hospital centro de referência em saúde, divulgando cada vez mais novas tecnologias para o tratamento da saúde.

Apesar dos avanços o hospital ainda não é a porta de entrada do sistema de saúde para um doente.  A porta de entrada é a unidade de saúde, pois é onde os profissionais da saúde encontram-se mais perto da população. Temos então o acompamento deste paciente seguindo todo um processo de "linhas de cuidado" até ver solucionado o seu problema.

Como porta de entrada, o médico não mais é o foco dos holofotes, pois a unidade de saúde segue políticas públicas estabelecidas pelo governo, que visam melhorar a questão sanitária e de saúde da população. E na atenção primária à saúde a unidade passa a ser responsável, entre outras coisas, pela prevenção à doença através de campanhas de saneamento, vacinação, visitas domicilares e programas protocolares de atenção à saúde em suas diversas linhas de cuidados. Aqui temos então o trabalho de uma equipe integrada por vários profissionais, que também podem atuar em nível primário, secundário e terciário à saúde.

O papel desempenhado pelo médico, nas unidades de saúde, embora ainda mereça o seu destaque, se diluiu muito no trabalho em equipe. Normalmente a chefia de uma unidade de saúde está a cargo de um outro profissional que não é médico, e que é quem administra a política de saúde para aquela jurisprudência.
Apesar desta divisão mais racional do trabalho em equipe, o médico ainda ocupa uma posição privilegiada, porém, não a conquistada ao longo de alguns anos, mas a estabelecida por força de um lobbie corporativo. Dentro desta nova divisão o médico passa a ser um peixe fora d`água, fora de seu habit, exercendo função que não lhe agrada, pois não lhe trás o status garantido pelo restante de sua categoria.

Quem trabalha numa unidade de saúde, e faço referência principalmente às unidades da cidade de Curitiba, onde já trabalhei, sabe perfeitamente que um médico ali lotado, não costuma comparecer com habitualidade às reuniões de equipe, possui um horário muito menor que o restante da equipe, assim como um salário muito maior do que todos os outros; suas faltas são abonadas sem muito rigor, suas atividade nem sempre são integradas com a maioria da equipe, as discussões de casos não são interessantes e tem outras propostas de trabalho que miniminizam sua atuação dentro desta atenção primária.

A despeito de tudo falado acima a cerca do hospital, e mesmo sabendo que ele, hoje, é responsável pela cura do paciente, temos recebido cada vez mais informações sobre o modo de atuação desta indústria da saúde; sabemos que ela cada vez mais nos torna dependente do sistema, do que efetivamente promova alguma cura. Médicos, mesmo com as melhores das intenções são envolvidos neste esquema e não conseguem mais se libertar, pois são constantemente bombardeados por esta indústria que se instala pacientemente dentro dos hospitais, propiciando equipamentos de diagnóstico cada vez mais sofisticados que apenas emburrecem cada vez mais nossos profissionais em suas anamneses, promovendo congressos fartamente bancados com dinheiro fácil, ofertando alopatia para todo o tipo de sintoma, sem tratar efetivamente a causa: é mais interessante para a indústria da saúde criar um medicamento para curar o pãncreas ou é melhor fornecer eternamente a insulina? e nessa linha teríamos dezenas de dezenas de exemplos.

A OMS, que de certa forma é mais ou menos permissiva com este sistema, reconhece que um mínimo de cuidado verdadeiro é preciso ter com a saúde da população mundial e então ela começou a dar valor às Práticas Integrativas e Complementares (PICs). O Brasil, como fiel escudeiro que é, acabou ratificando estas orientações e as incorporando ao seu sistema oficial de saúde através da portaria 971/2006. Um dos grandes benefícios que estas práticas trazem é a acupuntura, que permite tratar doenças e sintomas do paciente de uma forma completamente natural e segura. Isto trás qualidade de vida e economia para os cofres públicos. Este mesmo sistema médico oficial que habita os hospitais vive também fora de seu reduto, como peixes fora d´agua, nas unidades de saúde e, infiltrados desta forma, alguns médicos que são mantidos consciente ou inconscientemente por esta indústria da sáude extremamente manipuladora, vão cada vez mais atacando essas práticas, relegadando-as a um segundo plano, descontinuando-as, desacreditando-as, manipulando-as das mais diversas formas, agindo nos bastidores impedindo assim suas regulamentações e, por fim, estas práticas saudáveis acabam não chegando à população.

Amigos, o papel do médico, como agente de saúde neste contexto todo, precisa urgentemente ser reavaliado.

George Kieling




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