Translate this site (Traduza esta página):

TRANSLATE THIS SITE (Traduza esta página):

terça-feira, 1 de maio de 2012

O Reduto dos Médicos.

Hospital, um ente tão conhecido em nossos dias, nem sempre foi o que hoje é.

Até o início do século XVIII não existia a figura do hospital, mas existia um espaço para que pessoas sem recursos financeiros, ou com doenças terminais ou mentais, ou com doenças graves contagiosas - como era o caso da hanseníase (lepra) - pudessem passar o final de seus dias. Este espaço era para reclusão e confinamento dessas pessoas, retirando assim da sociedade esse perigo iminente do convívio com aquelas saudáveis.
Este espaço era administrado por religiosos, que não seguiam necessariamente um padrão de construção adaptado para pessoas doentes, tais como uma boa circulação de material contaminado, de ar, de alimentos e outros critérios mais.
Transcrevo aqui, muito resumidamente, este processo de nascimento do hospital, deixando muitas lacunas em branco; mas, com uma pesquisa apurada na literatura, veremos que grande crédito pelo surgimento do hospital se deu graças à disciplina imposta dentro das forças armadas (Metafísica do Poder. Foucault, Michel. Rio de Janeiro: Graal, 1986 (6ª ed)). 
Os exércitos não eram organizados, eram compostos de pessoas despreparadas, marchavam em grupos mal distribuídos contra seus inimigos. Esta situação foi mudando grradativamente e com o advento do fuzil no exército, o soltado tornou-se um elemento muito caro para o governo: necessário tornou-se proteger este "investimento". Aos poucos foi-se criando dentro do exército o conceito de "disciplina e hierarquia" pois esta parecia ser uma maneira muito eficiente de manter tudo sob estrita vigilância, desde o mais alto posto até a mais baixa graduação, onde então nasceu a figura intermediária do sub-oficial, que fazia um registro constante e diário de tudo que se passava, bem como planejava intruções para a tropa. Este sistema de registro e instruções foram migrando aos poucos para dentro dos hospitais, o que foi cada vez mais sistematizando a rotina de tratamento e instrução à pessoa doente. O sub-oficial das forças armadas seria o equivalente ao médico nos hospitais.
Paralelo a isso, o médico, que num primeiro momento era um "contratado" para fazer uma visita aleatória a esses lugares de reclusão, foi gradativamente assumindo uma permanência cada vez maior lá dentro: visitas rotineiras, depois permanência diária, depois permanência constante. O "ato médico" dentro do hospital tornou-se cada vez mais cerimonioso, pois o médico assumiu uma posição de responsável pela equipe andando com sua "trupe" nas visitas aos leitos, com seu caderno de anotações em mãos, sendo recebido por uma enfermeira na porta do leito, com uma "sineta" para anunciá-lo. Instituiu-se a assim a figura de um deus, dentro do sistema de saúde.

Passado alguns anos o médico ainda continua reinando em seu reduto, o hospital; agora, este tornou-se não mais um lugar de reclusão, mas sim um lugar de cura. Avanços científicos e tecnológicos tornaram o hospital centro de referência em saúde, divulgando cada vez mais novas tecnologias para o tratamento da saúde.

Apesar dos avanços o hospital ainda não é a porta de entrada do sistema de saúde para um doente.  A porta de entrada é a unidade de saúde, pois é onde os profissionais da saúde encontram-se mais perto da população. Temos então o acompamento deste paciente seguindo todo um processo de "linhas de cuidado" até ver solucionado o seu problema.

Como porta de entrada, o médico não mais é o foco dos holofotes, pois a unidade de saúde segue políticas públicas estabelecidas pelo governo, que visam melhorar a questão sanitária e de saúde da população. E na atenção primária à saúde a unidade passa a ser responsável, entre outras coisas, pela prevenção à doença através de campanhas de saneamento, vacinação, visitas domicilares e programas protocolares de atenção à saúde em suas diversas linhas de cuidados. Aqui temos então o trabalho de uma equipe integrada por vários profissionais, que também podem atuar em nível primário, secundário e terciário à saúde.

O papel desempenhado pelo médico, nas unidades de saúde, embora ainda mereça o seu destaque, se diluiu muito no trabalho em equipe. Normalmente a chefia de uma unidade de saúde está a cargo de um outro profissional que não é médico, e que é quem administra a política de saúde para aquela jurisprudência.
Apesar desta divisão mais racional do trabalho em equipe, o médico ainda ocupa uma posição privilegiada, porém, não a conquistada ao longo de alguns anos, mas a estabelecida por força de um lobbie corporativo. Dentro desta nova divisão o médico passa a ser um peixe fora d`água, fora de seu habit, exercendo função que não lhe agrada, pois não lhe trás o status garantido pelo restante de sua categoria.

Quem trabalha numa unidade de saúde, e faço referência principalmente às unidades da cidade de Curitiba, onde já trabalhei, sabe perfeitamente que um médico ali lotado, não costuma comparecer com habitualidade às reuniões de equipe, possui um horário muito menor que o restante da equipe, assim como um salário muito maior do que todos os outros; suas faltas são abonadas sem muito rigor, suas atividade nem sempre são integradas com a maioria da equipe, as discussões de casos não são interessantes e tem outras propostas de trabalho que miniminizam sua atuação dentro desta atenção primária.

A despeito de tudo falado acima a cerca do hospital, e mesmo sabendo que ele, hoje, é responsável pela cura do paciente, temos recebido cada vez mais informações sobre o modo de atuação desta indústria da saúde; sabemos que ela cada vez mais nos torna dependente do sistema, do que efetivamente promova alguma cura. Médicos, mesmo com as melhores das intenções são envolvidos neste esquema e não conseguem mais se libertar, pois são constantemente bombardeados por esta indústria que se instala pacientemente dentro dos hospitais, propiciando equipamentos de diagnóstico cada vez mais sofisticados que apenas emburrecem cada vez mais nossos profissionais em suas anamneses, promovendo congressos fartamente bancados com dinheiro fácil, ofertando alopatia para todo o tipo de sintoma, sem tratar efetivamente a causa: é mais interessante para a indústria da saúde criar um medicamento para curar o pãncreas ou é melhor fornecer eternamente a insulina? e nessa linha teríamos dezenas de dezenas de exemplos.

A OMS, que de certa forma é mais ou menos permissiva com este sistema, reconhece que um mínimo de cuidado verdadeiro é preciso ter com a saúde da população mundial e então ela começou a dar valor às Práticas Integrativas e Complementares (PICs). O Brasil, como fiel escudeiro que é, acabou ratificando estas orientações e as incorporando ao seu sistema oficial de saúde através da portaria 971/2006. Um dos grandes benefícios que estas práticas trazem é a acupuntura, que permite tratar doenças e sintomas do paciente de uma forma completamente natural e segura. Isto trás qualidade de vida e economia para os cofres públicos. Este mesmo sistema médico oficial que habita os hospitais vive também fora de seu reduto, como peixes fora d´agua, nas unidades de saúde e, infiltrados desta forma, alguns médicos que são mantidos consciente ou inconscientemente por esta indústria da sáude extremamente manipuladora, vão cada vez mais atacando essas práticas, relegadando-as a um segundo plano, descontinuando-as, desacreditando-as, manipulando-as das mais diversas formas, agindo nos bastidores impedindo assim suas regulamentações e, por fim, estas práticas saudáveis acabam não chegando à população.

Amigos, o papel do médico, como agente de saúde neste contexto todo, precisa urgentemente ser reavaliado.

George Kieling




segunda-feira, 30 de abril de 2012

"Koan" - Parte II

Para explicar melhor o que seja um Koan colacarei aqui citações sobre o livro de Eugen Herrigel:

"Uma folha de bambu no inverno acumula a neve sobre si até que um determinado momento, a folha se dobra e a neve cai. Não é a folha que derruba a neve, ela deixa cair." A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen - Herrigel, Eugen.

"Herrigel passou mais de cinco anos com um célebre mestre japonês para aprender sua arte "mística", e nos dá em seu livro um relato pessoal da forma como fez a experiência do Zen através do manejo do arco e da flecha. Ele descreve como a arte de manejar o arco e a flecha foi-lhe apresentada como um ritual religioso "dançando" em movimentos espontâneos e realizados sem esforço e sem propósito. Henrrigel precisou de muitos anos de prática exaustiva, que acabaram por transformar todo o seu ser, para que pudesse aprender como vergar o arco "espiritualmente", fazendo uma espécie de força sem esforço, e como soltar a corda "sem intenção", deixando o disparo "cair das mãos do arqueiro como uma fruta madura". Quando alcançou o apogeu da perfeição, o arco, a flecha, o alvo e o arqueiro fundiram-se num só e Herrigel não disparou, mas "disparam" para ele". 
Quando usamos a lógica e a razão para explicarmos algum fenômeno estaremos fazendo uma análise através dos olhos do nosso conhecimento, ou seja, sob o ponto de vista da nossa razão e daquilo que achamos ser correto; e tudo que achamos ser correto chegou até nós sob a mira influenciadora da opinião alheia. Portanto, nossa razão é cheia de viéses.

Situações paradoxais nos levam a fazer escolhas, emitir opiniões, fazermos juizo de determinado conflito e de formarmos conceitos ou, pré-conceitos, sobre determinado assunto. Mas essas situações nos trazem também grandes oportunidades de evoluirmos, pois abrimos nossas mentes a novas situações e ideias.

"A tradição Zen, em particular, desenvolveu um sistema de instruções não-verbais, que utiliza enigmas, à primeira vista sem sentido, chamados "Koans", que não podem ser resolvidos pelo raciocínio. Eles visam precisamente interromper o processo de pensamento, preparando assim o estudante para uma experiência não-verbal da realidade." (Fritjof Kapra). Para resolver um Koan o discípulo precisa ir além do raciocínio lógico e dedutivo, pois só assim ele alcançará a iluminação necessária para sua solução.

Um Koan pode ser identificado com presteza por um mestre, mas pode levar muito tempo para que um discípulo venha despertar sua consciência para sua essência. O discípulo vai trabalhando sua consciência para aquela questão, até que chega o momento em que um "insight" lhe torna tudo muito claro. Quando isso acontece, torna-se tão revelador que até a própria questão deixa de fazer sentido.

É como na história de Herrigel, logo acima: - "Quando alcançou o apogeu da perfeição, o arco, a flecha, o alvo e o arqueiro fundiram-se num só e Herrigel não disparou, mas "disparam" para ele".

Muitos dos paradoxos da ciência que vemos hoje trazem embutidos em suas entranhas a própria solução, mas é preciso que adquiramos antes uma nova capacidade perceptiva para seu entendimento, um novo olhar, sob um outro ângulo.

Um belo exemplo de um Koan é o que segue abaixo:

"Uma xícara de Chá
Nan-In, um mestre japonês durante a era Meiji (1868-1912), recebeu um professor de universidade, que veio lhe inquirir sobre Zen. Este iniciou um longo discurso intelectual sobre suas dúvidas.
Nan-In, enquanto isso, servia o chá. Ele encheu completamente a xícara de seu visitante, e continuou a enchê-la, derramando chá pela borda.
O professor, vendo o excesso se derramando, não pode mais se conter e disse:
"Está muito cheio! Não cabe mais chá!"
"Como esta xícara," Nan-in disse, "você está cheio de suas próprias opiniões e especulações. Como eu posso lhe demonstrar o Zen sem que você primeiro esvazie sua xícara?" 
Hoje, como já escrevi aqui outras vezes, a ciência encontra-se entre dois paradigmas sobre o que é a vida, e a física quântica, que faz parte da ciência onde estamos inseridos, nos remete novamente aos primóridos do que se achava que era a vida em tempos mais antigos. Os conceitos de tudo isso não são difíceis de se entender mas eles nos escapam à compreensão num primeiro momento.

Talvez, para entendermos melhor sobre este Koan do que seja a vida devêssemos primeiro esvaziar bem a nossa xícara...

George Kieling

sábado, 28 de abril de 2012

"Koan".


Aos leitores mais atentos minhas sinceras desculpas, pois se torna cada vez mais difícil separar política de ciência, já que no Brasil elas parecem andar de braços dados.

Perambulando pelas redes sociais, nos noticiários da mídia leiga, em conversas formais ou informais,  em livros e periódicos, enfim, pelos meios de comunicação que nos são acessíveis, vemos cada vez mais aterrorizados campanhas bem articuladas contra o sistema médico oficial; isto não está ocorrendo à toa. Esta classe profissional parece estar montada em cima de uma estrutura que a todos quer dominar e expandir seus limites. Aqui mesmo no meu blog já coloquei outras informações sobre este domínio médico em cima de todas as questões que envolvem a saúde.
Atualmente, a medicina do Brasil está movendo seus tentáculos para abocanhar as diversas terapias naturais que crescem vertiginosamente dentro do sistema de saúde. E ela faz isso por um único motivo: dominar, para tentar sucatear depois, pois o avanço dessas terapias  não vai ao encontro dos interesses da indústria milionária que sustenta este sistema científico de saúde. A bola da vez agora parece ser a acupuntura

Percebemos cada vez com mais clareza que a medicina ocidental, a dita medicina científica, caminha para uma exaustão. A grande verdade é que a medicina não cura nada, mas apenas nos torna mais dependentes de um sistema cuja manutenção é extremamente cara..
O sistema médico oficial ocidental do Brasil, que funciona da mesma maneira na totalidade dos países do mundo onde é implantado, e que é a porta de entrada para a pessoa doente no sistema de saúde, não sabe exatamente o que é saúde nem entende as diversas racionalidades médicas. Suas academias ensinam médicos apenas a serem agressivos em suas condutas: classificam e tratam a patologia (não o doente) segundo seus ensinamentos. Estes ensinamentos são limitados apenas a técnicas cirúrgicas (remoção) e quimioterapia (agressão) de eficácia duvidosa (pois o interesse manipulativo da indústria da saúde é o de apenas criar dependência aos seus produtos).
O ser humano tem uma resistência natural a enfermidades que o torna capaz de se auto curar; seu sistema imunológico, quando fortalecido, é capaz de resolver muitas patologias e condições de trauma; sob este aspecto todo o contexto da aplicação de vacinas, realização de cirurgias e indicação de quimioterapia (remédios) deveria ser repensado. A dependência ao sistema de saúde nos torna fracos, medrosos, desesperançosos; nosso corpo debilitado é ineficiente para se auto curar e o ciclo se repete continuamente. A visita ao médico apenas ratifica esta situação, pois este profissional só sabe representar os interesses da indústria ao qual ele está inserido, mesmo que inconscientemente. O médico atual está praticamente proibido de enviar um paciente para uma auto-hemoterapia, dietoterapia, acupuntura, florais, chás e ervas naturais, e uma infinidade de outras terapias naturais que apenas reforçariam o sistema imunológico do paciente aumentando sua resistência e promovendo a auto cura. E tudo isso por que não existe “comprovação científica”. Esta comprovação nunca vai existir, pois a isto se sobressai um intrincado jogo de interesses funcionando, que é o que fundamenta toda a nossa medicina e que orienta este sistema de “comprovação científica” apenas para avanços tecnológicos  que culminem com “lucro”. Pesquisa científica, hoje, não tem a ver com ciência, mas sim com tecnologia e lucro.

Como romper com este sistema doente?

Isto não vai acontecer tão cedo, pois somos todos muito fracos e só sobrevivemos se tivermos algo, ou alguém,  em quem acreditar – e alguns grupos sabem manipular esta questão muito bem. Apesar de tudo isso, muito incipientemente vamos observando algumas mudanças acontecendo; alguns novos avanços na ciência, algumas mentes privilegiadas vão rompendo seus silêncios, alguns grupos inquietados começam a se mexer, algumas novas regras e comportamentos começam a ser repensados.
Tempos de mudanças sempre nos propiciam momentos de aprendizagem, são oportunidades de evoluirmos. Com um sistema médico doente, novos comportamentos da sociedade começam a se desenvolver.

Mas você não consegue ver tudo isso, não é mesmo? Tudo parece uma fábula, não é assim? Como é difícil romper com nossos vínculos, com nossas crenças, com nossos preconceitos. Por toda nossa vida sempre nos disseram o que é certo, qual o caminho devemos escolher, sempre nos deram tudo na mão, e sempre achamos que queriam nosso bem.
Mas agora, quando você começa a pensar por você mesmo, todas estas dúvidas lhe afloram à mente.
- E agora, José, o que fazer? ... 
- Devo sair da minha caverna segura e tentar descobrir o que realmente existe lá fora? Ou é conveniente ficar aqui no quentinho aceitando as coisas como elas são?

Há alguns anos, não muitos, li um livro bem interessante:
- O Porco Filósofo, de Julian Baggini.
Este livro trás 100 situações, que são verdadeiras experiências de pensamento, onde você é obrigado a se afastar da racionalidade do dia-a-dia para se colocar em situações surreais, e que têm por objetivo apenas testar até onde você pode ir com seus tabus e preconceitos, no trato de questões que envolvem ética. É uma experiência filosófica que vale à pena ser praticada. Vivemos em uma sociedade que obedece a determinadas regras e preceitos, fazemos o que nos mandam fazer achando ser a coisa certa, mas até que ponto isso pode ser certo? Somos criados dentro destas regras e elas parecem fazer sentido para nós; portanto, só conseguiremos criticá-las se nos afastarmos um pouco destas regras e abrirmos mais a nossa mente para novos conceitos.
A sociedade dominante sempre procurou afastar as pessoas do conhecimento, dando apenas o básico, um pouco de pão e circo, para que a caverna fique confortável. Alguns governos, burros, não dão nem este básico, e então sua sociedade acabar rompendo o sistema colocando um novo líder que acabará por repetir os mesmos erros. Mas, na busca pelo conhecimento, vamos abrindo nossa mente para novas ideias e para novos entendimento de como tudo funciona e assim – aqui falo na ciência – novos paradigmas vão se estabelecendo.
Muitas coisas ainda não estão claras o suficiente, mas, em meu ponto de vista, vejo hoje que a ciência e a saúde estão chegando a uma encruzilhada e aqui temos a coexistência de dois paradigmas na saúde: um deles afirmando que hoje em dia a ciência pode curar tudo com seus recursos tecnológicos reduzindo o homem apenas a uma máquina; e outro dizendo que o homem pode tudo e é o centro do universo, pois ele é composto da mesma forma que o resto das coisas são compostas e está completamente integrado ao seu meio ambiente.
A meu ver, os novos recursos e descobertas da ciência, em especial a física quântica, estão nos impulsionando para entendermos melhor do que somos feitos e de como funcionamos (uma visão ainda muito mecanicista), mas, para preparar melhor nossa mente para enfrentarmos esses novos paradigmas, somente mesmo nos aventurando pelos caminhos complexos dos Koans.
 

A Máfia Médica.

Segue abaixo o texto de uma entrevista muito interessante, que servirá apenas para mexer com sua cabeça antes de eu postar um novo texto a ser chamado de "Koan".


A Máfia Médica

domingo, 8 de abril de 2012

Regulamentação da acupuntura: tudo depende do ponto de vista.

Mentira divulgada na imprensa:
"Só médico pode exercer a acupuntura" --->>> isto é mentira, pois a acupuntura é atividade livre e não regulamentada ainda.

A decisão do TRF1 trata única e exclusivamente sobre os conselhos de saúde (inclusive o de medicina) de não usarem o título de especialista em acupuntura, decisão esta que ainda pode ir a um julgamento em instância superior.

Segue abaixo minha interpretação pessoal sobre a decisão do TRF da 1ª região tomada no dia 29 de março de 2012, sobre a questão das especialidades de acupuntura outorgadas pelos conselhos a seus filiados:

Em decisão corajosa a Justiça brasileira finalmente reconhece que a acupuntura não é uma técnica de exclusividade da medicina.

“A 7.ª Turma Suplementar do TRF da 1.ª Região, por unanimidade, de acordo com o voto do relator, juiz federal convocado Carlos Eduardo Castro Martins, entendeu que, apesar de não existir no ordenamento jurídico lei específica regulando a atividade de acupuntor, não pode profissional de saúde praticar atos que sua legislação profissional não lhe permita, sob pena de ferir-se o inciso XIII do artigo 5.º da Constituição.”

Depois de anos tentando na justiça liminares contra profissionais e entidades não-médicas que praticam acupuntura no Brasil, o CMA (Colégio Médico de Acupuntura), apoiado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) sofreu esta semana uma nova derrota, que diga-se de passagem, já tinha sido perdida em 2002 em primeira instância.
Este tribunal entendeu que os diversos conselhos de saúde não podem extrapolar sua área de atuação emitindo resoluções que valem apenas para seus filiados. O conselho de medicina (CFM) bem como outros conselhos de saúde, emitem resoluções internas, permitindo que seus profissionais se tornem especialistas em acupuntura.

Não devemos esquecer o que diz o nosso código penal no artigo 282, que fala sobre a "prática ilegal da medicina", que diz que exercer a medicina além de suas competências também incorre no mesmo crime. Logo, como o TRF1 ratifica esta situação, o médico que estiver fazendo diagnóstico energético está atuando em excesso as suas atribuições legais e incorrendo em exercicio ilegal da medicina, pois diagnóstico energético da acupuntura não é diagnóstico nosológico da medicna ocidental. Isto parece indicar que apenas ao acupunturista com esta formação compete o direito do diagnóstico específico da acupuntura, independente de não haver ainda uma regulamentação no país.


"Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa."


A OMS (Organização Mundial de Saúde) define exatamente o que seja a acupuntura e regula suas atividades, definindo parâmetros e regras para sua segurança, educação e treinamento, tanto para profissionais que são médicos para o que não são médicos, incluindo ai o conceito de diagnóstico de acupuntura, que não se assemelha de forma alguma ao conceito de diagnóstico da medicina ocidental, parâmetro esse que sempre foi o divisor de águas para a reivindicação dos médicos (Nota: em 1986 o Brasil aceitou oficialmente as sugestões da ONU para adotar as Práticas Integrativas). Considerando também que a UNESCO definiu a acupuntura como patrimônio da humanidade, o CFM não pode alterar os conceitos de diagnóstico de acupuntura, para incorporá-la ao escopo da medicina brasileira, e sabe-se que acupuntura não faz parte da Medicina Ocidental Brasileira, pois a reunião plenária 1588-28/85 do CFM disse "toda a terapêutica da técnica é baseada em princípios energéticos sem correspondência com a Medicinal Ocidental", impedindo então, médicos de exercerem a acupuntura oficialmente naquela época.



Esta investida da medicina contra os profissionais da acupuntura acabou sendo um tiro no próprio pé do CFM e do CMA, que agora ficam impedidos de também criarem esta especialidade.
A decisão judicial ainda ratifica que acupuntura é uma prática livre no Brasil invocando para isso o artigo quinto da Constituição Federal. Isto abre um enorme precedente para que finalmente a acupuntura venha a ser regulamentada no Brasil através de lei federal, como sendo uma prática livre a qualquer profissional que tenha o curso, como já é feita em outros países, bem como abre um enorme campo profissional para criação de faculdades de acupuntura pelo país.


Veja a decisão completa no site do TRF 1ª Região:

http://www.trf1.jus.br/sitetrf1/conteudo/detalharConteudo.do?conteudo=103470&canal=2

Nota: O SIMERS (Sindicato Médico do RS) já havia entrado na justiça contra a portaria 971 (que cria diretrizes para que práticas integrativas e complementares possam ser exercidas no SUS): perdeu em última instância.

Aqui estão alguns links de reportagens que exclarecem a decisão judicial tomada pelo TRF1:

http://vimeo.com/39901530
http://www.youtube.com/watch?v=8UAnokivD9A (1 de 2)
http://www.youtube.com/watch?v=v_XqgYZZvXk (2 de 2)

http://vimeo.com/39870546

http://www.youtube.com/watch?v=hXYz2k7-e7Y

http://www.youtube.com/watch?v=ZSCpIw-jvFE

http://entretenimento.r7.com/hoje-em-dia/videos/detalhes/idmedia/4f7c51aafc9b6a981dad2ed3-2.html?s_cid=polemica-so-medicos-podem-fazer-acupuntura-hoje-em-dia-rede-record_hoje-em-dia_videos_facebook&utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=botao_facebook&utm_term=polemica-so-medicos-podem-fazer-acupuntura-hoje-em-dia-rede-record

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=wXajHuFAJNA

https://www.facebook.com/photo.php?v=112472782218123


Se os médicos, que são pela nossa saúde, atuam desse jeito, nem imagino como atuam os que têm interesses diversos deste!!


domingo, 11 de março de 2012

A Insustentável Leveza do Ser

Kundera que me desculpe, mas este foi o título que me pareceu mais apropriado para o assunto que ora segue.

Meu conselho de classe da fisioterapia - Sistema COFFITO/CREFFITOS - resolveu fazer uma prova de especialistas e com isso me vi na obrigação de rever alguns conceitos teóricos sobre acupuntura. Comecei este fim de semana com o capítulo 3 (Substâncias) do livro de Jeremy Ross - Sistemas de Órgãos e Vísceras da Medicina Tradicional Chinesa.

Este capítulo trata das cinco substâncias básicas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), enumeradas abaixo, com uma tradução aproximada:

Jin Ye - Líquidos orgânicos
Xue - Sangue
Jing - Essência ou energia ancestral
Qi - Energia
Shen - Espírito ou consciência.

Veja que eu próprio, ao enumerar estas substâncias, tentei ordená-las em uma gradação de maior para menor. Mas maior ou menor o quê?

Poderíamos chamar esta grandeza de materialidade, fluidez, pureza, condensação, enfim, qualquer coisa que nos dê uma noção de “indo do mais material para o menos material, ou menos energético para o mais energético, ou ainda, indo do material para o energético; mas mesmo assim, ainda seria um conceito vago.

Para a Medicina Tradicional Chinesa o corpo humano possui um aspecto material e outro imaterial e isto está muito bem representado nessas substâncias que estudamos. E ainda assim este será um conceito muito relativo, pois, como exemplo, o Qi pode ser mais energético do que o Xue, mas com relação ao Shen, será menor energético (mais material).

Na MTC não podemos dizer que uma substância é material ou que é energética se não compararmos em relação a alguma outra substância. Isto muito reflete a situação dos conceitos filosóficos chineses de Yin e Yang, onde nada é apenas Yin ou apenas Yang.

Se trouxermos estes conceitos para a filosofia e ciência do século XXI podemos dizer que se assemelha muito aos conceitos da física quântica de matéria e energia. Hoje sabe-se com a certeza de nossos paradigmas atuais, que a matéria e a energia são a mesma coisa, e que tudo é apenas uma questão de ponto de vista do observador. O que ora nos aparece como matéria, dependendo da observação, poderá se apresentar também como energia se focado mais profundamente; e algo se nos aparece como energia, se focado com mais atenção do observador, poderá se refletir como matéria, inclusive mostrando, a própria matéria, esta decisão de se apresentar como matéria, bastando para isso que a intensão do observador seja assim previsível.

Estes conceitos de matéria e energia são muito antigos, já vindo desde a época de Heisenberg, que postulou que você não pode ter as duas coisas ao mesmo tempo, numa analogia com seu Principio da Incerteza: ou você tem velocidade, ou você tem posição de uma partícula, que implica que, ou você tem energia, ou você tem matéria, num raciocínio comparativo.

Estes princípios que começaram a ser pesquisados pela física quântica a partir de 1910, já tinham suas origens há mais de 4 mil anos, quando a filosofia chinesa falava em Yin e Yang: a semente do Yin está dentro do Yang e vice-versa, e o Yin se transforma em Yang e vice-versa, culminando depois com a transição de materialidade entre as diversas substâncias do corpo, entre corpo e mente, entre mente e espírito, evoluindo entre o ser vivo e o ambiente e envolvendo a todos em uma grande mente coletiva.

Somente agora nos anos atuais estamos resgatando nossos conceitos antigos de vida, dando uma nova roupagem a eles sob o olhar da física quântica, tentando então estabelecer um novo paradigma de ciência, onde estará presente toda aquela gama de conceitos considerados tabus até poucos anos, tais como sonho, alma, espírito, mediunidade, energia vital, consciência.

Bem-vindos a nova ciência do século XXI.